Deixar para trás

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Pensei que nunca mais sentiria essa dor de volta. Todo mundo diz, inclusive eu a seguinte frase " o tempo apaga". Mas, a verdade é que ele ameniza as dores, as cicatrizes...

O tempo passa realmente é passamos a ter nossa atenção em outras coisas como "distração", por exemplo, a primeira vez que eu tive essa dor de desapego em um bicho de estimação foi quando eu tinha 12 anos.

Esse bicho de estimação em questão, foi a primeira cachorra que eu ganhei, no meu aniversário de seis anos. Ela era uma poodle cinza, tão linda! E logo que recebi um telefone, bastou saber que a cachorra que tinha fugiu foi o ponto crucial para eu chorar como se eu tivesse exatos cinco anos novamente.

Não me lembro muito bem, mas após duas semanas eu já estava focada no colégio e querendo um outro cachorro. Meus pais estavam de mudança e meu irmão estava para nascer. Logo, toda a situação acabou sendo um ponto positivo para eu me distrair e deixar a dor ali, escondida, pegando pó do famoso "tempo"

O tempo, mais uma vez passou, já na casa nova e com meu irmão um pouco crescido. Ganhei um cachorro de estimação, não me lembro se realmente era de natal ou de aniversário. Só sei que, eu tinha 14 quase 15 anos na época.

O cachorro era da raça shit zu, marrom e parecia uma pantufa literalmente de tanto pelo que ele tinha. E por descuido meu, por não saber cuidar, minha mãe acabou dando ele dois meses antes de eu completar 17 anos.

Eu lembro o dia que cheguei em casa e fui lá trás ver se ele tava lá. E então eu perguntei para minha mãe:

- Cadê o shake?- Super desesperada e com voz já embargada.

- Eu falei que iria dar porque você não cuidou! - Disse em um tom super triste, fingindo não se importar.

Subi as escadas em direção ao meu quarto, bati a porta, tirei as fotos dele, sentei no chão comecei a chorar. Passei exatos 6 meses chorando escondida, com falta, me lamentando. Mas a única coisa que me confortava era que eu sabia ele que ele estava bem e com pessoas que cuidariam melhor que eu.

17 anos é aquela fase que você praticamente decidi teu futuro, sai do colegial e entra em uma faculdade. Então também tinha outro artifício, outras coisas em mente, me forcei a mais uma vez o tempo deixar aquele pozinho em mais uma cicatriz.

Já em 2011 eu estava com 18 anos. Final do ano, com muito custo meu padrasto trouxe um pinscher para casa. Porém, para o meu irmão. Demorei para aceitar, me apegar, no fim ele dormia comigo. Até que em 2014 sai da casa da minha mãe e fui morar na casa da minha avó. Como o cachorro não era meu, eu não poderia levar ele junto. Deu uma pequena dorzinha no peito, mas sabia que sempre que pudesse eu poderia vê-lo.

Até então eu estava normal, mesmo querendo um cachorro. Sempre soube das responsabilidades, do carinho, da atenção, do amor, dos custos, do tempo. O tempo mais uma vez sim! Até que recebi uma ligação da minha avó falando que pegou um cachorro de rua pra mim.

Fiquei revolta e indignada porque não queria me apegar em um cachorro sabendo que sim, ela daria depois.

Depois de muito custo, tempo, estresse por passar noites sem dormir, ensinar que o jornal era o lugar de fazer as necessidades, depois deixar ele dormir na minha cama, eu ame apeguei de uma forma absurda. Aprendi amá-lo de uma forma que eu nunca amei nenhum dos cachorros que eu já tive na minha vida.

E agora? To sentindo aquela dor, mas aquela dor somada, como se todas as cicatrizes estivessem abertas, é uma dor que sufoca, e são poucas pessoas que conseguem me entender. Pelo simples fato de que terei que doar ele. Mais um cachorro que passa pela minha vida e terá que ir embora.

Quem já passou por isso sabe a dor que é, e não desejo essa dor a ninguém porque é agonizante. O apego, a felicidade que um cachorro trás é inexplicável.

Só espero que com o tempo essa dor  fica lá, novamente pra ser coberta com aquele pózinho do tempo. E sobre ter mais algum animal de estimação? Realmente não quero, não quero sentir essa dor novamente.
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